Um
comportamento comumente encontrado em emergências e muito diferente do pânico é
a chamada afiliação. Conforme o
Professor John Drury, da Universidade de Sussex, quando somos ameaçados, nós
somos motivados a procurar pelo familiar ao invés de simplesmente se evadir.
Experimentos
sobre o escape de pessoas de uma sala grande com uma porta principal e uma
saída de emergência mostram que, de maneira geral, os funcionários saíram pela
saída de emergência, enquanto membros do público separados de seus grupos
saíram pela mesma porta que entraram, mostrando a importância da afiliação em
uma situação de incêndio.
Esse
tipo de comportamento, embora sem ter características relacionadas ao pânico,
como comportamentos egoístas e competitivos, nem sempre significa que a
probabilidade dos envolvidos conseguirem escapar com segurança da ameaça seja
maior. Segundo o Professor Anthony Mawson, o comportamento típico sob ameaça
física é a afiliação, isto é, a “(...) busca da proximidade de pessoas e
lugares conhecidos, mesmo que isso possa envolver aproximação ou permanência em
uma situação de perigo; na verdade, a separação dos afiliados é um estressor
maior do que o perigo físico propriamente dito”.
Em outubro de 1938, Orson Welles narrou a história de “A Guerra dos Mundos” no rádio como se fosse um noticiário verdadeiro. Embora possamos considerar que as
condições para existência do pânico estivessem presentes, a vasta maioria das
pessoas que ouviram o programa e ficaram aterrorizadas ao pensar que se tratava
de um ataque alienígena real não entrou em pânico ou fugiu, mas contatou
parentes e amigos. A maioria daqueles que fugiram não tinha familiares na área
ou fugiu apenas após reunir-se com outros membros da família.
No
próximo post, vamos examinar um dos motivos para a aparente apatia que pode
ocorrer em emergências: o viés de normalidade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário