A crise gerada pela greve da Polícia Militar do Estado da Bahia, que assumiu proporções gravíssimas, trouxe
impactos diretos para empresas, quando lojas e supermercados foram saqueados e eventos foram cancelados, e impactos indiretos, como a diminuição
do fluxo de turistas, que pensam em cancelar suas viagens, especialmente após o governo dos EUA desaconselhar viagens não essenciais ao estado.
Tropas do Exército chegam a Salvador. (http://www.defesanet.com.br/) |
A greve da PM baiana não é um fato isolado. Outras quatro
polícias estaduais já haviam paralisado as atividades apenas no Governo Dilma
Rousseff. A PM do Rio de Janeiro também entrou em greve hoje, embora aparentemente com impactos menores, por conta da preparação do governo fluminense.
São Paulo, que também enfrentou uma greve da Polícia Civil, já havia sofrido as
consequências de uma crise de segurança pública em 2006, durante os ataques do PCC.
Não cabe aqui discutir as reivindicações dos grevistas e nem
os meios de promovê-las. Para isso existem outros fóruns. Da perspectiva do
Gerenciamento de Emergências, gostaria de discutir a preparação das empresas e
outras organizações para esse tipo de evento, infelizmente não tão improvável
assim. E se houvesse uma deterioração da segurança pública aqui e agora, sua
organização estaria preparada para enfrentar a crise?
Cena do filme "Salve Geral", sobre os ataques do PCC em 2006. (http://noticias.r7.com/) |
Não há fórmula pronta para a preparação para crises na
segurança pública, porém o processo se inicia com a identificação da ameaça,
como em todo planejamento de emergência. Ao reconhecermos uma ameaça,
indiretamente estamos também identificando uma vulnerabilidade. As ameaças por
definição são eventos não controláveis, o que dificulta, portanto, a sua
neutralização.
No caso das ameaças provocadas pelo homem, como o que
estamos discutindo, o trabalho deverá ser no sentido de diminuir as
vulnerabilidades. É possível reforçar a segurança física de áreas e
instalações, por exemplo, com a contratação de profissionais especializados?
Nesse caso, as empresas já foram previamente selecionadas? Outra medida poderia
ser o trabalho à distância, utilizando computador e telefone. Nesse caso, os
funcionários afetados já foram identificados? Como serão comunicados da
decisão?
Muitas vezes, a ação a ser tomada é a suspensão das
atividades, a fim de evitarem-se prejuízos maiores. Nesse caso, essa ação
também que ser planejada.
Levando em conta que as questões de segurança pública são
normalmente externas à organização, como pensar em todas as ameaças? Quem no
mundo corporativo poderia imaginar que a PM entraria em greve ou que um grupo
de criminosos atacaria o Estado? A grande vantagem de fazer o planejamento de
emergências baseado em uma análise de ameaças e riscos é que após a identificação de ameaça e do
dano, a resposta para um evento serve para muitos outros. Assim, não importa se
a crise é devido a uma greve policial, ataque terrorista ou mesmo eventos não
diretamente relacionados com a segurança pública, como uma greve nos
transportes ou ainda uma pandemia, várias ações podem ser as mesmas.
O certo é que uma crise de segurança pública – como outras –
irá acabar depois de algum tempo. Nesse momento, as organizações que já haviam identificado a
ameaça e se preparado irão voltar à normalidade muito mais facilmente.
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