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terça-feira, 24 de julho de 2012

Tsunami de 2004 – Um estudo de caso


No dia 26 de dezembro de 2004, um terremoto de magnitude 9,0 na escala de Richter liberou a energia equivalente a 23 mil bombas atômicas como a lançada sobre Hiroshima. O epicentro do terremoto estava sob o Oceano Índico, na costa oeste da ilha Indonésia de Sumatra e foi causado pelo deslizamento da placa tectônica da Índia sob a placa da Birmânia. Esse fenômeno causou a movimentação de trilhões de toneladas de rocha no fundo do mar. Um grande volume de água do oceano, que estava sobre o fundo perturbado do mar, foi deslocado causando o fenômeno tsunami. As ondas viajaram a cerca de 800 Km/h, causando destruição e morte em 11 países. O tsunami causou mortes até na África, a cinco mil quilômetros de distância.
Efeitos do tsunami em hotel na Tailândia. (http://www.tsunamis.com/)


A estimativa do número de mortes varia entre 150 e 225 mil pessoas. Grande parte dessas mortes pode ser creditada à falta de preparação para esse tipo de emergência, tanto por parte das autoridades, como por parte da população. Nos locais atingidos, não havia plano de emergência, com rota de fuga ou sistema de alarme. Além disso, havia uma grande falta de conhecimento sobre o tsunami, tanto é que várias pessoas foram vistas na praia observando despreocupadamente o retrocesso do mar, sinal de aviso de tsunami iminente.


Parte dessa ignorância pode ser justificada pelo fato do tsunami ser um fenômeno raro no Oceano Índico e o evento ocorrido em 2004 ter tido proporções enormes, sendo causado pelo maior terremoto no planeta em décadas.


Considerando-se o número de mortos, a Indonésia foi o país mais afetado. Vários fatos contribuíram para isso, entre eles a localização geográfica do país e a falta de sistema de alarme prévio e respectivo treinamento. Dentro da Indonésia, a província mais afetada foi Aceh, cuja precária infraestrutura já vinha sido castigada por uma tentativa de insurreição do Grupo Aceh Livre (GAM).


Resposta


Um tsunami, ao contrário dos terremotos, costuma deixar relativamente poucos feridos. Os atingidos normalmente ou morrem nos instantes iniciais do evento, ou sobrevivem praticamente sem ferimentos. Desse modo, a resposta de emergência está mais relacionada aos esforços de reconstrução e manutenção da saúde e segurança pública, do que a trabalhos de resgate e primeiros socorros.


Praticamente todos os países afetados tiveram uma resposta própria pífia, que necessitou de ajuda internacional. Um país que teve uma resposta digna de nota foi a Tailândia, onde o Ministério Tailandês de Saúde Pública (MOPH) colocou em prática um plano de contingência prévio, envolvendo mais de cem equipes de cuidados médicos de emergência, suporte técnico e educacional, suporte de saúde mental e vigilância epidemiológica, além de três equipes com massagistas acreditados pelo MOPH para massagem terapêutica tradicional nos socorristas e desabrigados.


Em países como as Maldivas, o tsunami praticamente acabou com a capacidade governamental de resposta, enquanto que em países como a Somália, a pobreza crônica teve como conseqüência um governo com nenhuma capacidade de resposta.


Em todos os casos, mais do que a resposta de cada país, o que fez diferença em um primeiro momento foi a resposta local de cada comunidade (lideranças locais/tribais, famílias, vizinhos), o que reforça a importância da preparação das comunidades locais.


A resposta internacional foi decisiva e conseguiu enviar uma soma de 10 bilhões de dólares em doações. A Índia, apesar de também afetada, foi o primeiro país a enviar ajuda aos vizinhos. O Brasil enviou através da FAB uma doação emergencial de 10 toneladas de alimento e 8 toneladas de medicamentos. Posteriormente, a sociedade civil recolheu mais de 70 toneladas em doações de comida, roupas e medicamentos.


Além dos governos, várias ONGs internacionais participaram da operação como Médecins Sans Frontières, International Federation of Red Cross and Red Crescent Societies, Lions Clubs International, Oxfam International e a ONU, além de inúmeras corporações.


Situação atual


No Oceano Índico, existe um grande centro de alarme antecipado em Jacarta, capital da Indonésia, cuja construção foi iniciada após os tsunamis de 2004, com participação alemã. Além de sismógrafos, conta com marégrafos e boias que medem as ondas no mar aberto. Todas essas informações são então coletadas e interpretadas no centro em Jacarta. Para o Oceano Índico, devido à proximidade dos países com a falha geológica que provoca os terremotos, o tempo disponível entre detecção do tsunami e evacuação dos locais potencialmente afetados é muito menor que no Pacífico. Além disso, a população agora conhece o fenômeno e seu poder de destruição.


Boia do sistema de aviso antecipado de tsunamis. (http://knowledge.allianz.com/)


Com certeza, a destruição e perda de vidas humanas seriam menores se o evento ocorresse hoje, embora qualquer sistema de segurança e alarme será eficiente na medida em que for operado, mantido e treinado de modo correto e constante.

terça-feira, 10 de julho de 2012

Identificação de produtos envolvidos em emergências químicas

Em emergências com produtos perigosos - seja um vazamento de caminhão tanque ou um ataque terrorista - a informação é fundamental. Antes de prestar primeiros socorros ou descontaminar um local, a equipe deve determinar quais substâncias estão presentes e compreender os riscos inerentes às pessoas ou ao meio ambiente.


Imagine que essa informação não esteja disponível. Um galpão com tambores abandonados, rótulos apagados ou inexistentes, responsáveis ausentes... como descobrir com o que se está lidando?


Existem vários recursos disponíveis para isso. Vamos examinar dois deles que podem ser obtidos gratuitamente.


Computer-Aided Management of Emergency Operations (CAMEO)



CAMEO é um nome genérico que abrange softwares gratuitos oferecidos pelo Office of Response and Restoration da NOAA (). Para identificação dos produtos químicos, o software de interesse é o CAMEO Chemicals, disponível como um website e como uma versão para download que pode ser executada em um computador off-line.

O software tem uma biblioteca com milhares de produtos químicos com dados físico-químicos e informações para resposta a emergência, além de prever os resultados da mistura de vários produtos. Através da busca avançada, é possível procurar o produto químico através de características físicas, como o odor e o aspecto. Obviamente o resultado da busca retornará várias referências, que podem ser refinadas com mais informações que o socorrista tiver disponíveis.

O problema é que o software está em inglês. Instruções detalhadas em: http://cameochemicals.noaa.gov/help/3_searches/using_physical_clues.htm


Programa para Identificação de Produtos Químicos da CETESB


O pessoal do setor de Atendimento a Emergências da CETESB desenvolveu uma planilha em Excel, com a finalidade de auxiliar as equipes de resposta às emergências químicas na identificação dos produtos envolvidos. O programa foi desenvolvido tendo como base um documento técnico da CETESB elaborado em 1993.

A planilha é muito simples e criativa e está em português. Ela pode ser acessada em: http://www.cetesb.sp.gov.br/gerenciamento-de-riscos/emergencias-quimicas/259-home, clicando em "Programa para Identificação de Produtos Químicos".