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sábado, 16 de agosto de 2014

SLICE RS

Em uma postagem anterior, abordei os objetivos táticos no combate a incêndios industriais. Utilizei o acrônimo SICER RV (ou RECEO VS, em ingles) para colocar os objetivos táticos nessa situação:
- Salvamento (ou resgate)
- Isolamento das exposições
- Confinamento
- Extinção
- Rescaldo
- Recuperação/proteção de propriedade (salvage, em inglês)
- Ventilação




Depois de anos de pesquisa nos EUA, esse conceito está sendo revisto e o novo acrônimo SLICE RS está sendo usado:
- Avaliação inicial
- Localizar o fogo
- Identificar e controlar o fluxo de ar e gases quentes
- Resfriar de um local seguro
- Extinguir o fogo
- Resgate
- Recuperação/proteção de propriedade.


O novo acrônimo é totalmente aplicável nos incêndios estruturais interiores, especialmente com as construções utilizadas nos EUA e leva em conta as modificações ocorridas nas estruturas nos últimos tempo, como a maior presence de materiais sintéticos.


É interessante notar que o RECEO-VS pode continuar a ser usado para orientar as prioridades para o comando, enquanto o SLICE-RS descreve as ações das primeiras equipes no local.


Um video interessante produzido pela ISFSI e pela UL pode ser encontrado na internet: https://www.youtube.com/watch?v=X80yseC2fmQ&list=UU06fjjbLZl6_eGZ-754Vpjw







terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Homenagem

A foto é comovente. O filho do bombeiro William Tanksley, de Dallas, EUA, abraça o capacete do pai, morto em serviço ao ajudar um motorista em uma ponte congelada na semana passada.
 
 
 
Que essa postagem sirva como homenagem também aos nossos profissionais que perderam a vida em serviço e que nos faça pensar se lhes damos o devido valor.
 
 

Mais sobre fases do gerenciamento de emergências

Em um post anterior, falei sobre abordagem que divide o Gerenciamento de Emergências em quatro fases. Mas a nomenclatura dessas quatro fases pode causar alguma confusão.

Por exemplo, quando falamos sobre mitigação (em Gerenciamento de Emergências), estamos falando daquelas atividades para prevenir uma emergência, reduzir sua probabilidade de ocorrência ou ainda reduzir a severidade dos seus danos. Por outro lado, quando o mesmo termo é usado em Segurança de Processos, o sentido não é o de prevenir, mas apenas reduzir as consequências de um evento que já ocorreu. Na ilustração abaixo, sobre os métodos de redução de risco para plantas de processo, conforme a norma IEC 61511-1, fica claro que mitigação e prevenção são tratados como conceitos disitintos:


Redução de risco para plantas de processo, conforme a norma IEC 61511-1.

Dessa forma, mais importante do que a nomenclatura das fases em si, é entender o tipo de atividade que é realizada em cada uma delas.

A nomenclatura sequer é padronizada dentro do campo de Gerenciamento de Emergências: algumas vezes a fase de mitigação é as vezes chamada de "prevenção" ou "redução de desastres", por exemplo. Encontramos também a fase preparação sendo chamada algumas vezes de "planejamento" (embora eu considere que o planejamento seja uma das atividades da preparação). Já a recuperação é chamada também de "reconstrução" (esse é o marcador que uso nos meus posts).

Para quem quiser saber mais sobre a parte conceitual das fases do Gerenciamento de Emergências, uma leitura interessante é o paper The “Phases” of Emergency Management, de Malcolm E. Baird, que pode ser encontrado em http://www.vanderbilt.edu/vector/research/emmgtphases.pdf.

sábado, 8 de fevereiro de 2014

A tragédia da Kiss e preparação para emergências

Há pouco mais de um ano, o incêndio ocorrido na boate Kiss, em Santa Maria, ceifou a vida de 242 pessoas e deixou mais de 630 feridos. Várias lições podem e devem ser aprendidas com essa terrível tragédia. Por exemplo, a AVTSM (Associação dos Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria) realizou, no final de semana de 25 e 26 de janeiro, o I Congresso Internacional Novos Caminhos – A Vida em Transformação, abordando várias lições aprendidas com o evento.

Gostaria de citar um aspecto do Gerenciamento de Emergências relacionados ao incêndio. Um artigo publicado no site G1 aborda a estrutura do Corpo de Bombeiros de Santa Maria. No artigo, em resumo, o comandante dos Bombeiros discorda que a falta de equipamentos tenha contribuído para as mortes no incêndio e aponta como principal problema a falta de pessoal. Concordo que no cenário específico o material não foi o principal problema, até porque mais e melhores equipamentos sem ninguém para operá-los não iriam modificar o resultado. Porém, não podemos deixar de lembrar que, na fase de preparação, efetivo, sistemas de comando e controle, treinamentos, planos de emergência, entre outras coisas, são muito importantes; porém, o equipamento também é essencial. Gostaria de comparar duas fotos:

Foto do artigo no G1 mostra equipamentos de resgate na carroceria do caminhão dos bombeiros. (g1.globo.com)
 
 
Interior da Ambulância 64, do Corpo de Bombeiros de Houston, EUA. (Arquivo pessoal)
A Ambulância 64, do HFD, é uma unidade pertencente a um pequeno posto nos arredores do Aeroporto Internacional de Houston (não é o posto do aeroporto). Essa unidade corre apenas com Bombeiros e não com o médico.

Sei que não são viaturas com finalidades idênticas, mas será que dá para notar alguma diferença entre o equipamento deles e o nosso?

sábado, 1 de fevereiro de 2014

40 anos do incêndio do Joelma

Hoje, dia primeiro de fevereiro, marca o quadragésimo aniversávio do incêndio do Edifício Joelma, o pior na história de São Paulo. O desastre ceifou a vida de 191 pessoas e feriu mais de 300.


Atuação heróica de bombeiro no incêndio do Edifício Joelma. Os procedimentos de resposta também mudaram muito desde então.

O evento impulsionou várias mudanças na prevenção de incêndios. Por exemplo, segundo o site Bombeiros Emergência, havia somente uma escada comum, isto é, não pressurizada ou enclausurada. Não havia sistema de alarme manual ou automático e nem sinalização para abandono e controle de pânico. Apesar da estrutura do prédio ser incombustível, todo o material de compartimentação e acabamento não era e não havia qualquer controle de carga-incêndio, por isso rapidamente o incêndio se propagou e fugiu do controle. Cerca de 1/4 dos ocupantes do prédio naquela manhã morreram no incêndio.

Hoje, essa configuração em um edifício é inimaginável.


Falando em acidentes que impulsionaram mudanças na legislação, outro não tão conhecido, mas também muito importante é o incêndio no Cine Oberdan, na década de 1930. O Cine Oberdan, em São Paulo, tinha capacidade para até 1.600 espectadores. Em 10 de abril de 1938, exibia o filme "Criminosos do Ar", com Rita Hayworth. Segundo apuração da polícia, durante a matinê, um menino precisou ir ao banheiro. Como o caminho era escuro, e ele não encontrou o lanterninha, o menino colocou fogo em alguns jornais como iluminação. Outra pessoa na plateia viu as chamas pela fresta da porta e gritou "fogo!", iniciando um pânico generalizado. Morreram 31 pessoas pisoteadas, 30 crianças. Uma outra versão diz que as pessoas se assustaram com uma parte do filme, em que o personagem grita "fogo!".


O incidente acabou provocando uma das mudanças mais drásticas nas normas de segurança em São Paulo --a que determina que porta de emergência tem de ser aberta por dentro, e não por fora, como era comum na cidade nos anos 30.

domingo, 26 de janeiro de 2014

Fases do Gerenciamento de Emergências

A disciplina de Gerenciamento de Emergência é muitas vezes descrita em fases. Tenho usado essa abordagem nos marcadores dos posts do blog e creio que vale a pena discorrer um pouco sobre isso.

Uma das abordagens mais conhecidas, em especial nos Estados Unidos, é aquela que descreve o Gerenciamento de Emergência nas fases de mitigação, preparação, recuperação e resposta.

As quatro fases do Gerenciamento de Emergências.
Essas fases podem ser definidas como:


 
 
 
É interessante notar que as fases não representam atividades estanque, separadas, mas grupos de atividades que podem se sobrepor no tempo e ocorrer simultâneamente.

Posteriormente, voltarei ao assunto no blog.