Pesquisar este blog

segunda-feira, 29 de abril de 2013

Avaliação inicial - Size-up

Nesta postagem, gostaria de analisar alguns conceitos da resposta a emergência e fazer algumas referências a situações emergenciais vividas recentemente, porém sem a menor intenção de fazer um julgamento definitivo sobre as ações tomadas nas ocorrências.

A resposta a um incêndio ou outro tipo de emergência se inicia com uma avaliação inicial da situação (em inglês, “size up”). A National Fire Protection Association – NFPA define "size-up" como um processo sistemático de obtenção de informação e avaliação da situação que se inicia quando o alarme é recebido.[1] Esse processo leva ao desenvolvimento de um plano de ação para o incidente, que deve ser um plano dinâmico, isto é, deve mudar se a situação assim o exigir. Infelizmente, a avaliação inicial se inicia no pior momento possível, quando as informações necessárias são escassas, se não impossíveis de obter. O Comandante do Incidente (IC) deve muitas vezes iniciar as operações com informações imprecisas e incompletas – um verdadeiro pesadelo para um gestor.[2]

No incêndio da boate Kiss, em Santa Maria, na madrugada de 27 de janeiro, não foi diferente. A revista Emergência no. 47 publicou uma extensa matéria sobre a tragédia e, em pelo menos duas entrevistas, os socorristas definem a cenário encontrado com a mesma palavra: caos. É possível imaginar a dificuldade do comandante inicial da operação para realizar a avaliação inicial e elaborar o plano de resposta.

Você é o primeiro chegar no local. Como avaliar a situação rapidamente e elaborar um plano de ação? (Foto: arquivo pessoal)


Outra ocorrência recente e polêmica foi o “esquecimento” de três vítimas de um acidente debaixo de um caminhão, que havia caído em uma ribanceira em Amparo, interior de São Paulo. Os socorristas retiraram o caminhoneiro, mas não viram que debaixo do caminhão havia um carro, com as vítimas presas nas ferragens. As vítimas foram resgatadas apenas 13 horas depois e duas delas vieram a óbito. [3] Claro que as condições do socorro inicial não eram nem um pouco favoráveis, mas em um cenário de acidente uma avaliação inicial cuidadosa pode fazer com que os socorristas tenham um melhor direcionamento dos esforços, permitindo uma atuação mais efetiva.

Outro fator que vai contra um correto size-up é a percepção de que a ação parece é sempre o correto a se fazer na cena da emergência, enquanto o planejamento é interpretado como um atraso na ação.

Existe uma série de fatores que atrapalham a realização da avaliação inicial, porém ela é de vital importância para as ações que irão se seguir e para o sucesso da operação.



[1] IAFC. “Industrial Fire Brigade: Principles and Practice”.
[2] Texas A&M Engineering Extension Service (TEEX). “Industrial Fire Brigade - Interior (NFPA 1081)”.

terça-feira, 16 de abril de 2013

Atentado na Maratona de Boston

O terrível atentado de ontem contra espectadores e atletas da Maratona de Boston ainda é muito recente, mas alguns fatos relacionados à emergência já podem ser identificados.

Socorristas no atendimento às vítimas do atentado. (www.npr.org)


Como ocorre em eventos desse tipo e mais uma vez desmentindo a "Síndrome do Desastre", uma parcela importante do socorro prestado às vítimas, especialmente nos primeiros momentos, veio dos próprios espectadores, atletas e membros da organização da corrida. Novamente, os envolvidos mostram-se como um recurso importante e não somente como "vítimas".

Outra tendência que se confirma é a importância cada vez maior das redes sociais. Por exemplo, com a sobrecarga dos sistemas de telefonia celular nos momentos que se seguiram às explosões, era impossível realizar ligações. Várias pessoas usaram então o Twitter e o Facebook, entre outras,  para atualizarem suas informações, avisando família e amigos que estavam bem. Outro uso importante foi feito pelas autoridades, como o Departamento de Polícia de Boston, a fim de divulgar informações o mais rapidamente possível.

Os próprios investigadores do atentado informaram que irão usar as imagens feitas por cidadãos comuns, como aquelas postadas nas redes sociais, para ajudar na identificação dos criminosos.