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quarta-feira, 10 de julho de 2013

O acidente com o Boeing 777 da Asiana Airlines em São Francisco: sobrevivência

"Este avião é dotado de oito saídas de emergência, sendo duas portas na parte dianteira, quatro janelas sobre as asas e duas portas na parte traseira. Localize a saída mais próxima, que pode estar atrás de você. Em caso de pouso na água..." e assim segue o briefing de segurança de um voo de passageiros. Enquanto o filme é exibido ou os comissários gesticulam, a maior parte dos passageiros está preocupada lendo o jornal, conversando ou dormindo. Ao fazer isso, diminuem e muito sua chance de sobreviver em caso de acidente.

Embora duas jovens tenham perdido a vida, o acidente com o Boeing 777 que fazia o voo OZ 214 da  Asiana Airlines em São Francisco no sábado, apesar de impressionante, mostrou que é possível escapar com vida de um acidente aéreo. Das 307 pessoas a bordo, 305 se salvaram, algumas com ferimentos. De acordo com a National Transportation Safety Board (NTSB) dos Estados Unidos, 95% dos passageiros envolvidos em acidentes aéreos sobrevivem. Embora grande parte das chances de sobrevivência se devam a um bom treinamento e atuação firme da tripulação, além de uma boa dose de sorte (ou ajuda divina), ainda assim os passageiros devem fazer sua parte.

Boeing 777 acidentado, mostrando estrago na cabine e os "escorregadores" para abandono. (www.theblaze.com)

Algumas coisas são relativamente conhecidas, como saber onde estão as saídas de emergência. Conforme coloca a jornalista Amanda Ripley no seu blog, isso deve ser feito antes de um eventual acidente. Embora pareça óbvio, muitas pessoas não se preocupam com isso até a hora em que precisem usar a informação. Acontece que esse momento - a emergência - é o pior possível para tentarmos aprender algo novo.

Jeff Wise, no livro "Extreme Fear", descreve uma experiência feita pelo exército dos Estados Unidos, que mostra a degradação da capacidade mental em momentos de grande stress. Em resumo, um grupo de recrutas foi conduzido a um avião militar de transporte sob o pretexto de fazer um teste sobre habilidades motoras. Após a decolagem, um psicólogo do exército deu alguns formulários para completarem. Assim que terminaram, o avião começou a apresentar problemas mecânicos e cair - tudo simulado, é claro, mas os recrutas não sabiam. Eles foram instruídos a preencherem alguns formulários do seguro, que seriam colocados em uma cápsula resistente, para que seus familiares pudessem receber indenizações quando morressem no acidente. Após preencherem os formulários - na verdade, testes psicológicos - o avião pousou em segurança. A experiência, feita em 1962, certamente não seria permitida nos dias de hoje, por motivos éticos. Apeser disso, confirmou a queda na capacidade mental em situações de emergência: os recrutas no avião cometeram até três vezes mais erros que o grupo de controle que fez o mesmo teste em solo.

Aviões semelhantes aos utilizados na experiência de 1962. (www.wrecksite.eu)

Outras orientações para a sobrevivência em um acidente aéreo são deixar para trás malas e outros pertences - o que não foi feito totalmente no caso do voo 214 - e seguir as instruções da tripulação.

Passageiros abandonando o avião acidentado com suas malas. (www.cnn.com)

Voltarei ao assunto em outro post futuro, abordando outros fatores que podem influenciar a sobrevivência em um acidente aéreo.

terça-feira, 2 de julho de 2013

Manifestações e recursos escassos de emergência

Um dos pontos que abordei nas postagens anteriores, como distribuir recursos sempre escassos de atendimento de emergências, já tem mostrado consequencias tristes. No dia 24 de junho, marginais promoveram um arrastão na Avenida Brasil, no Rio, parada por causa de um "protesto pacífico". O BOPE foi acionado e, sem planejamemto prévio, com efetivo reduzido e cansado - por causa da atuação nas manifestações - adentrou a favela da Maré, em perseguição aos criminosos. Resultado: dez mortos, entre eles um policial e pelo menos dois moradores inocentes.

Congestionamento na Rodovia Castello Branco, por conta de mais um protesto. (http://noticias.r7.com)

As manifestações continuam. Ontem foi o dia dos caminhoneiros bloquearem rodovias em vários estados, incluindo três em São Paulo. Parece que os governos (federal e estaduais) abdicaram de fazer cumprir a lei, para cumprir uma agenda política e fomentada por uma cobertura parcial da imprensa.

Atualização em 03/07: O Governo Paulista recorreu à Justiça, que proibiu o bloqueio das estradas: http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/geral/justica-proibe-bloqueio-de-rodovias-em-sp/