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segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Mais sobre o viés de normalidade: acidentes aéreos e ataques de zumbis


No post de 6 de janeiro de 2012, abordei o chamado "viés de normalidade", a tendência de acreditarmos que tudo está bem, embora muitas vezes não esteja.

Há pouco, o assunto apareceu na mídia, embora indiretamente. Um dos casos foi o acidente da Asiana Airlines em São Francisco, abordado no post de 10 de julho. Embora com três fatalidades, um número enorme de passageiros de salvaram. Um dos fatores de levaram a esse resultado foi a ação tomada pela tripulação (e pelos passageiros) vencendo a sensação de normalidade e agindo decisivamente para a sobrevivência. Como disse a jornalista Amanda Ripley no seu blog, "sobreviventes, de todos os tipos de desastres, tipicamente não aguardam por instruções. Eles agem".

O ponto também foi abordado através de um meio relativamente inesperado, o filme "Guerra Mundial Z". Em certo ponto, o agente secreto israelense Jurgen Warmbrunn, no filme interpretado por Ludi Boeken, falando sobre como Israel conseguiu se preparar para a "pandemia de zumbis", afirma que “a maior parte das pessoas não acredita que algo possa ocorrer até que realmente tenha ocorrido. Isso não é estupidez ou fraqueza, é somente a natureza humana. Eu não culpo ninguém por não acreditar”. É a definição exata do viés de normalidade.

Nas cenas iniciais do filme, o viés de normalidade é exemplificado (com exagero, é claro). O ex-investigador da ONU Gerry Lane, interpretado por Brad Pitt, está com sua esposa e filhas no carro, em um congestionamento na cidade de Filadélfia. O clima é tranquilo e a família conversa animadamente, quando se percebe que algo está errado, com correria, movimentação policial e explosões ao longe. O interessante aqui é observar como Gerry entra rapidamente no “modo de emergência”, processando a reviravolta na situação e tomando ações decisivas e imediatas (veja o vídeo no link abaixo):
 
 
Conforme abordado em 6 de janeiro de 2012, por um lado, as pessoas em situação de emergência são submetidas a estímulos, que podem ser avisos por meios de comunicação em massa, alarmes de emergência, sinais que a situação está errada (fumaça, ruídos ou outros) ou ainda a uma combinação desses estímulos e, por outro lado, o viés de normalidade leva os expostos à situação de emergência a acreditarem que tudo está bem. Esses pensamentos paradoxais criam uma dissonância cognitiva que as pessoas tentam eliminar através de duas maneiras: ou aceitando os avisos e abandonando a área de perigo ou ignorando esses avisos e tentando manter a normalidade. Obviamente, esse segundo comportamento pode ter consequências funestas.

No filme, o herói resolve a dissonância aceitando os avisos e salvando sua família do que se mostrou um dos primeiros ataques dos zumbis na história.

Uma nota sobre preparação para emergências e zumbis: embora não seja muito do meu gosto, várias agências dos EUA e Canadá aproveitam o tema de ataque de zumbis para a educação para emergências. Quem quiser pode conferir em http://www.cdc.gov/phpr/zombies.htm.