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sábado, 29 de setembro de 2012

Helicóteros: a solução para o SAMU?

Na postagem do dia 25, abordei algumas questões relativas ao SAMU. Dois dias depois, um candidato a Prefeitura de São Paulo declarou que “nós temos que ter helicópteros para o SAMU, nós temos 20 milhões de pessoas na região metropolitana, poderíamos até começar compartilhando com os demais 38 municípios o serviço de aeromédico a um valor muito pequeno”. E continuou afirmando que "hoje não há nenhum (helicóptero para resgate aeromédico do SAMU). Então vamos começar o serviço e verificar gradualmente uma maneira de ir atendendo toda a metrópole, vamos começar com um”.

Será que a simples compra de equipamentos, sejam viaturas terrestres, sejam helicópteros, vai resolver os problemas do SAMU? Parece que mais uma vez, as autoridades (ou candidatos) preferem optar pela "solução" mais simples - e cara - ao invés de atacar o problema a fundo.



Uma dica de programação da TV a cabo

Embora o candidato tenha esquecido os serviços prestados pelos helicópteros Águia, a Discovery Brasil irá apresentar a série "Águias da Cidade", sobre o Grupamento Aéreo da Polícia Militar do Estado de São Paulo. A série promete, com mais de 1000 horas de gravação, 18 câmeras e 40 pessoas envolvidas na produção.

terça-feira, 25 de setembro de 2012

Problemas com o SAMU

Em 23 de agosto, uma estudante universitária, de 28 anos, morreu dentro da sala de aula de uma unidade das Faculdades Metropolitanas Unidas (FMU), no Itaim Bibi, na Zona Sul da São Paulo. Segundo o marido, o Serviço Móvel de Atendimento de Urgência (SAMU) levou 40 minutos para chegar e ela não resistiu. A tragédia levanta o caso, entre outras coisas, do atendimento de emergência do SAMU.

Protesto de motoristas do SAMU paulistano em 2009. (http://noticias.r7.com/)


Uma rápida busca no Google traz mais notícias assustadoras:

Em 3 de setembro, o G1 noticiou o problema da demora do atendimento do SAMU em São Paulo, que chega a levar horas, ao invés dos 15 minutos que deveria.

No dia seguinte, uma mulher de 25 anos morreu enquanto dormia ao lado do namorado, em Sousa, no interior da Paraíba. O homem garantiu à polícia que acionou o SAMU por duas vezes, mas que teve o atendimento recusado.

Na mesma época, o blog de Rose Guglielminetti relata o caso de uma viatura do SAMU em São Paulo transportou 11 pacientes para tratamento na capital. Apenas quatro pessoas utilizaram o cinto de segurança. As outras tiveram os assentos improvisados em macas.

Mas, por que essa situação?

Um dos motivos é óbvio. A falta de recursos e a má gestão dos poucos existentes. Conforme o portal Terra, o Tribunal de Conta das União (TCU) revelou que as motos usadas para dar mais agilidade aos atendimentos funciona mal por falta de planejamento do Ministério da Saúde. Hoje, 40% das motos compradas estão paradas. Os próprios trabalhadores do serviço denunciam o sucateamento, como ocorre em Alagoas.

Outro ponto que deve ser visto é o modelo adotado para o serviço no Brasil. O SAMU foi criado em 2003, adotando o modelo francogermânico com protocolos e estrutura semelhantes ao SAMU francês. Os franceses, utilizam um modelo onde o atendimento é realizado inicialmente por uma central de regulação, com um médico regulador, que despacha o socorro mais adequado. Nesse modelo, os médicos urgentistas tripulam as ambulâncias e promovem a estabilização do paciente no local do evento.


O SAMU original. (http://www.ambulance-photos.com/)

Por outro lado, nos Estados Unicos, adota-se o chamado modelo Anglo-Saxão. Lá, a ativação do serviço de emergência é feita com ligação para um número único de
emergência (911). A triagem é então realizada pelo operador da central de emergências, que definirá quais recursos serão despachados ao local (bombeiros, polícia, ambulâncias).  O atendimento por sua vez, é realizado de tal forma a estabilizar o paciente e removê-lo sem demoras até o centro de referência. Nesse atendimento entra o famosos paramédico, que ao contrário do que muitos pensam, não existe no Brasil! Não, nem os tripulantes do SAMU e nem do Resgate são paramédicos...


Paramédicos dos Bombeiros de Nova Iorque. (http://www.nyc.gov/)

Por que os Estados Unidos adotaram esse modelo? Em relação aos países europeus, os EUA são territorialmente maiores e o custo de tripular as ambulâncias com médicos seria alto. Alguma semelhança com o Brasil?

Embora o modelo francogermânico possa ser tecnicamente melhor, sua aplicabilidade na nossa realidade é complicada, como mostram as notícias no início da postagem. Talvez já seja hora de rever nossos conceitos.

terça-feira, 11 de setembro de 2012

11 de Setembro de 2001: Onze anos

O dia de hoje marca o décimo primeiro aniversário dos atentados terroristas contra o World Trade Center e o Pentágono, nos Estados Unidos. Esses acontecimentos e algumas de suas relações com o Gerenciamento de Emergências já foram abordados em outras postagens do blog.

Hoje, gostaria de render homenagem aos 343 bombeiros que perderam a vida no WTC e aos muitos outros socorristas que sofreram doenças decorrentes da exposição a agentes ambientais nos trabalhos de salvamento e rescaldo.

Recomendo a quem tiver oportunidade de assistir, o documentário "Os Bombeiros do 11 de Setembro" da National Geographic, que está sendo reprisado algumas vezes nesta semana.

"Os Bombeiros do 11 de Setembro". (http://www.natgeo.com.br)


Duas notícias interessantes:

A NIOSH deve anunciar o reconhecimento do nexo causal entre os trabalhos no "marco zero" e cerca de 50 tipos de câncer, o que deve permitir que vários socorristas que adoeceram se beneficiem do James Zadroga 9/11 Health and Compensation Act, a lei que ampara os doentes ocupacionais dos trabalhos de rescaldo do 11/9. Calcula-se que cerca de 400 pessoas já morreram de câncer relacionado aos trabalhos.

Outra notícia é que a US Fire Administration e a International Association of Fire Chiefs irão iniciar um estudo para redução do comportamento de risco no trabalho de bombeiros.  Embora não diretamente relacionado ao 11 de setembro, as conclusões podem ajudar a explicar e reduzir no futuro, alguns comportamentos de combate agressivo a incêndios, que podem ter contribuído para o número de mortes de socorristas nos atentados (mas que - de maneira nenhuma - diminui o valor daqueles que fizeram o sacrifício supremo em favor do próximo).