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terça-feira, 28 de agosto de 2012

As cidades tornam os desastres mais mortais

Stewart M. Patrick publicou recentemente um post no blog The Internationalist, analisando o aumento da mortandade causada pelos desastres naturais e sua relação com as cidades.

Hoje, metade da população mundial vive em cidades. Em 2050, a população urbana será de 75%.  Boa parte desse movimento do campo para as cidades se dá em países do terceiro mundo - Brasil incluso. Problemas conhecidos como o crescimento desordenado, sem o controle do uso do solo, incluindo a a ocupação de áreas de risco, se repetem.

Um artigo publicano na CNN.com em 2011, na esteira do terremoto e tsunami que assolaram o Japão,  analisou a percepção de que os terremotos têm aumentado no mundo. A conclusão? Não, os terremotos não estão aumentando de frequência ou intensidade, de acordo com os dados geológicos disponíveis.

O que acontece é que metrópoles continuam a crescer, muitas delas ao longo de falhas geológicas. Cidades grandes como Kathmandu, no Nepal; Islamabad, no Paquistão; Nova Delhi, na Índia; e Dhaka, no Bangladesh estão situadas em zonas de potencial atividade sísmica. Cada vez mais, construções feitas em materiais leves e com um ou dois pavimentos, são substituídas por edifícios em alvenaria com vários andares, muito mais rígidos e menos resistentes aos terremotos. Assim, os abalos provocam muito mais estragos do que antigamente.

Ocupação desordenada expõe as comunidades ao risco de desastres. Na foto, o deslizamento do Morro do Bumba, em Niterói, em 2010. (http://noticias.terra.com.br/)
Por outro lado, as mudanças climáticas globais tendem a provocar mais eventos climáticos extremos, conforme discutido na postagem de 24 de fevereiro. Relembrando, o geólogo James L. Powell cita como exemplos, a nevasca com 23,2 polegadas de neve que ocorreu em 19 e 20 de dezembro de 2009 e outra de 28,5 polegadas ocorreu em 5 e 6 de fevereiro de 2010, na Filadélfia, Estados Unidos.  Ambas são consideradas tempestades do tipo “uma a cada cem anos”, mas ocorreram com seis meses de intervalo. O Dr. Powell lembra também da tempestade tropical Anita, em março de 2011, o segundo evento desse tipo a atingir o solo na história do Brasil.

Segundo Gerhard Berz, ex-Head da Geo Risks na Munich Re, uma resseguradora alemã,  “prejuízos devido a desastres naturais aumentaram oito vezes em termos econômicos, nas últimas quatro décadas”.

A urbanização descontrolada tem colocado, cada vez mais, pessoas e propriedades em risco. Cabe à sociedade, e principalmente aos governos, regularem a ocupação do solo e investir no aumento da resiliência daquelas comunidades já existentes em áreas de risco.

terça-feira, 14 de agosto de 2012

Prevendo o comportamento em situação de crise

Ninguém pode responder por sua coragem quando nunca esteve em perigo”.
François de La Rochefoucauld


Em julho, tive a oportunidade de falar sobre um assunto que me fascina, o comportamento humano em situação de emergência, na 4a. Conferência Latinoamericana de Segurança de Processos, no Rio de Janeiro. Uma das perguntas que foram feitas e que gerou uma troca de ideias bastante interessante, foi sobre como prever o comportamento de profissionais, como operadores em uma planta química e bombeiros, entre outros, frente a uma emergência real. Em outras palavras, quem ira desempenhar bem suas tarefas e quem ira ceder sob pressão.


Algumas pessoas são mais suceptíveis a tomar ações proativas em face de uma emergência. Essa postura de tomar acoes na crise é um fator de diminuição de estresse e, consequentemente, melhor desempenho frente a situação. Pessoas otimistas e auto confiantes se enquadram nessa categoria. Um estudo coordenado por Matthew Lieberman, na Universidade da Califórnia em Los Angeles em 2008, verificou que pessoas com esses “recursos psicossociais” apresentam um nível de cortisol menor que a média ao ter que fazer uma apresentação em público. Quando colocados em um scanner cerebral e submetidos a imagens de rostos aterrorizantes, apresentam uma maior ativação do córtex ventral prefrontal lateral (VLPFC) direito, a principal parte do cérebro relacionada ao autocontrole. Essa ativação corresponde, por sua vez, a uma menor ativação da amígdala, região responsável pelo comportamento instintivo.

Membro das Forças Especiais dos EUA (http://www.usarmy.com).


No seu livro "The Unthinkable", Amanda Ripley cita estudos feitos pelo médico americano Charles A. Morgan, III, do National Center for PTSD, que mostraram que membros das Forças Especiais do Exército dos EUA, os famosos "Boinas Verdes", que normalmente têm melhor performance em exercícios em que são submetidos a situações extremas, como campos de prisioneiros simulados, apresentam uma produção maior do chamado neuropeptídeo Y, um químico que auxilia a manter o foco sob stress, entre outras coisas.

Resta saber até onde exames de sangue ou exames psicológicos poderão realmente predizer o comportamento das pessoas ao encarar um crise.


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