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domingo, 15 de janeiro de 2012

O naufrágio do Costa Concordia

O assunto ainda é muito recente, os resgates ainda estão em andamento e é muito cedo para conclusões definitivas sobre o ocorrido, mas seria quase impossível um blog sobre Gerenciamento de Emergências não abordar o desastre com o navio Costa Concordia, na Itália.


O empresário brasileiro Randus Dias Fonseca, que estava no navio de cruzeiro que naufragou no Mar Mediterrâneo, no litoral da Itália, disse na tarde deste sábado, em entrevista à Globo News, que "as pessoas começaram a gritar , a correr, em um desespero total. As pessoas subiam, desciam, não sabiam para onde ir", disse. "Mandaram ir para as cabines que não ia ter problema algum. Mas aí houve uma correria da tripulação, falando para evacuar. Demorou uns 45 minutos para começar a entrada nos botes. Depois, teve a pior parte: o bote ficou emperrado, não descia e, quando começou a descer, ficou raspando no casco do navio. Foi um terror difícil de descrever."


Por outro lado, uma tripulante brasileira do navio, que não estava presente no naufrágio, afirmou que treinamentos de evasão eram quinzenais e que o tempo para abandono do navio era de 30 minutos. De acordo com ela, relatos de passageiros de que a tripulação começou a colocar os coletes salva-vidas antes de oferecê-los é um procedimento normal e segue padrões internacionais. “A tripulação tem que se preparar para ajudar. Colocar o colete salva-vidas primeiro e depois auxiliar os demais. O que deve ter acontecido é que as pessoas se assustaram ao ver que os funcionários já estavam preparados, enquanto que o navio estava inclinado e todos falando em códigos”, complementa.



Fazendo uma análise preliminar (e talvez até precipitada) das informações, levando em conta o que colocou Quarantelli sobre as condições para existência do pânico, podemos dizer que a sensação de aprisionamento estava presente.  É importante notar que a sensação ou ameaça de aprisionamento (como estar em um navio gigantesco, adernando no meio da noite) é mais relevante que a certeza ou crença que não há saída, ocasião onde o pânico não costuma ocorrer (como no naufrágio do submarino russo Kursk). Os outros dois fatores, a sensação de impotência e um profundo isolamento, podem ter sido geradas pela falta de informações claras, que parece que ocorreu. Se os passageiros soubessem que os tripulantes tem por norma colocar primeiro os coletes em si mesmos para então ajudarem os passageiros, essas sensações poderiam ser diminuídas. É como em aviões, com o "coloque a máscara primeiro em você e depois auxilie a criança". Parece egoísmo, mas ao saber que você tem entre dez e quinze segundos antes de perder a consciência, caso haja despressurização do avião, o aviso começa a fazer sentido. Adicionalmente, a conversa em código da tripulação não deve ter ajudado. Nesse ponto parece que a empresa e a tripulação realmente erraram.


Também vale a pena lembrar que reações de medo intenso e decisões aparentemente irracionais (mas que foram tomadas racionalmente com as informações disponíveis no momento do acidente) não devem ser confundidas com o pânico coletivo. Segundo Professor de Epidemiologia da Universidade do Mississipi, Anthony Mawson, reações como ansiedade, náusea, vômito e tontura podem ser reações normais frente a eventos anormais.


Como dito anteriormente, ainda é muito cedo para uma conclusão definitiva, mas com certeza o caso merece ser acompanhado e estudado.

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